quarta-feira, 10 de julho de 2013

Linha tênue entre relacionamento e aprisionamento

Qual tipo de relacionamento você busca para você? Nenhuma relação amorosa é igual a outra e, afinal das contas, quem dita as regras do relacionamento é o próprio casal. Então faço esse questionamento porque tenho observado ao meu redor que, de uma maneira geral, há dois tipos de parcerias: as que libertam e as que aprisionam.
Acredito que namoros ou qualquer tipo de relacionamento que seja, só funciona quando nos acrescentam algo, nos fazem crescer. O relacionamento é uma chance em conjunto de buscar felicidade e prazer todos os dias. E para isso é necessário altruísmo, é preciso que você pense no outro, que se coloque no lugar dele para antever reações e saber qual é a melhor maneira de lidar com determinadas situações. Mas estar em um relacionamento nada tem a ver com abdicar de sua liberdade individual.
Já convivi com casais que, por morarem em cidades diferentes, não permitiam que um saísse sem o outro. Ou que viviam aqueles casos de ciúme incontrolável em que olhar para o lado era motivo de briga. Também acompanhei o típico casal perfeito que se acha tão perfeito que acaba fechando-se no seu próprio mundinho. Um fala pelo outro, um vive pelo outro, o “nós” substitui o “eu” nessa simbiose louca que não sente a necessidade de mais ninguém para a vida fazer sentido.
Para viver esse tipo de relação eu declaro que não quero mais ter um namorado. Não quero ter que abdicar de mim mesma para estar em um relacionamento. Eu quero um cúmplice. Alguém que divida comigo o meu lençol e as minhas loucuras. Alguém que não vai olhar feio quando eu pedir outra dose, mas vai encher meu copo. Alguém que entenda que eu preciso ficar sozinha às vezes, mas que me escute quando eu pedir ajuda. Alguém que compreenda que eu preciso conversar com outras pessoas, que eu quero sair sozinha (seja com amigos ou amigas) e que sim: eu vou sentir tesão por outro cara, mas isso não significa que eu não te ame mais (da mesma forma como eu vou entender quando você virar o pescoço para aquela gostosa que atravessar a rua).
Amar não é somar qualidades. Amar é subtrair defeitos e não liberdades. É mostrar sua parte mais suja, mais obscura, mais subversiva e ser aceita por isso (e não apesar disso). Amar é sentir-se segura o suficiente para viver e deixar viver. Amar é acima de tudo confiar.
Apropriando-me das palavras de John Lennon: “Amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres. Se elas voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as possuí”. Eu quero um relacionamento em que a confiança seja a força motriz.

Laís Montagna @lmontag by Casal Sem Vergonha http://www.casalsemvergonha.com.br/2012/01/18/a-linha-tenue-entre-relacionamento-e-aprisionamento/

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Feliz Aniversário, N!n@ !!!!!!!

Balanço do final de semana:
1 aniversário
86 "face-friends"
0 lembranças espontâneas
1 mãe quase infartada
Noite do aniversário num quarto de hospital, acordada
1 relacionamento de 6 anos jogado no lixo do lixo.

Pontos positivos:
A picanha estava muito boa.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Do you remember...?


(Conto de João Anzanello Carrascoza – Revista Nova Escola de 11/05)

 

E vem o sol

 

Tinham acabado de se mudar para aquela cidade. Passaram o primeiro dia ajeitando tudo. Mas no segundo dia, o homem foi trabalhar; a mulher quis conhecer a vizinha. O menino, para não ficar só num espaço que ainda não sentia seu, a acompanhou.

Entrou na casa atrás da mãe, sem esperança de ser feliz. Estava cheio de sombras, sem os companheiros. Mas logo o verde de seus olhos se refrescou com as coisas novas: a mulher suave, os quadros coloridos, o relógio cuco na parede. E, de repente, o susto de algo a se enovelar em sua perna: o gato. Reagiu, afastando-se. O bichano, contudo, se aproximou de novo, a maciez do pêlo agradando. E a mão desceu numa carícia.

O menino experimentou de fininho uma alegria, como sopro de vento no rosto. Já se sentia menos solitário. Não vigorava mais nele, unicamente, a satisfação do passado. A nova companhia o avivava. E era apenas o começo. Porque seu olhar apanhou, como fruta na árvore, uma bola no canto da sala. Havia mais surpresas ali. Ouviu um som familiar: os pirilins do videogame. E, em seguida, uma voz que gargalhava. Reconhecia o momento da jogada emocionante. Vinha lá do fundo da casa, o convite. O gato continuava afofando-se nas suas pernas. Mas elas queriam o corredor. E, na leveza de um pássaro, o menino se desprendeu da mãe. Ela não percebeu, nem a dona da casa. Só ele sabia que avançava, tanta a sua lentidão: assim é o imperceptível dos milagres.

Enfiou-se pelo corredor silencioso, farejando a descoberta. Deteve-se um instante. O ruído lúdico novamente o atraiu. A vez o chamava sem saber seu nome.

Então chegou à porta do quarto e lá estava o outro menino, que logo se virou ao dar pela sua presença. Miraram-se, os olhos secos da diferença. Mas já se molhando por dentro, se amolecendo. O outro não lhe perguntou quem era, nem de onde vinha. Disse apenas: Quer brincar? Queria. O sol renasceu nele. Há tanto tempo precisava desse novo amigo.

 

Achei esse texto por acaso, a aquarela que o ilustrava me chamou a atenção. Tão cheia de sombras e tons de amarelo, representava tão bem o título do conto que me fez parar de folhear e me detive na leitura.

Gostei tanto, que aproveitando uma janela entre minhas aulas na escola onde leciono, peguei um papel para copiar o texto relativamente curto.

E ao reescrevê-lo aqui, digitado, é que comecei a pensar nas discretas mensagens que, talvez nem mesmo o autor ao compô-lo, tenha pensado em transmitir, e, talvez por isso, tenha prendido tanto a minha atenção. Enquanto lia, meu cérebro trabalhava numa metáfora maluca. Explico:

O que temos aqui é uma mudança real, uma família tentando adequar-se à nova vida e um garoto sentindo-se deslocado, inseguro, saudoso da antiga casa, da antiga vizinhança...

Mas ele nos remete às mudanças que por vezes passamos na vida, e não me refiro às mudanças físicas, e sim às mudanças internas que nos angustiam, que exigem amadurecimento rápido, posturas precisas, mesmo quando não sabemos “onde estamos pisando”, “que lugar é esse onde me meti...”. É necessário serenidade. Observar. “Medir os espaços”.

O importante é estarmos abertos a essa mudança. Porque se nos fechamos, não percebemos que também coisas boas podem estar pedindo passagem.

O menino se assustou com o enovelar do gato na sua perna, teve receio, mas acabou cedendo à vontade de tocá-lo. Assim também reagimos nós diante da felicidade quando ela nos surpreende: Assustamos! “- Será mesmo?” “- É pra mim?”

Mas aceitar a felicidade é inato em nós. Temos receio, mas sabemos que será bom, temos a sensação de que será bom...

É isso que nos faz avançar “corredor adentro”, caso contrário, não teríamos o ímpeto de “sair da sala”.

Aceitar as mudanças, permitir-se viver uma mudança, implica deixar que a felicidade nos “molhe” por dentro, nos “amoleça”...

E é isso mesmo: amolecer o coração duro e cheio de paradigmas mofados e cheios de teias de aranha, bichinhos, pó. Mudar-se por dentro é deixar o coração novinho, limpinho, cheirando a tinta, com o frescor de casa lavada em tarde quente de sol... O sol! Abrir as janelas e portas e deixa-lo entrar, permitir que ele nos mostre as cores que já nem lembrávamos que estavam guardadas.

É saber dizer “ – Quero!” quando a felicidade te perguntar

                                   " - Quer brincar?" 

domingo, 16 de junho de 2013

Deixa ir ou tanto faz...


As pessoas costumam dizer que é nas horas difíceis que se conhece um amigo. Mas eu estava aqui pensando se seria justo esperar de alguém que não tem nada a ver com seu problema, que se isole com você, que aceite suas condições apenas porque você espera que ele faça isso.

Quando você passa por um problema, ou um momento difícil, por mais que você queira que alguém querido esteja com você, não é correto de sua parte envolver essa pessoa, quase a obrigando a permanecer ao seu lado e tolerando tudo com e por você porque ela te ama. Às vezes o fardo é muito grande para a outra pessoa, talvez o seu fardo tenha que ser levado só por você e não seja certo você dividí-lo com outra pessoa, porque cada um tem o seu próprio fardo.

Amar o outro também é deixá-lo ser livre para decidir se quer assumir seus problemas com você. Pode ser que o outro já tenha problemas demais para ainda assumir os seus problemas.

Se você optou por se dedicar aos seus problemas, liberte o outro para que ele decida se quer estar com você ou não.

Assim, se depois disso ele ainda permanecer ao seu lado, será porque realmente ele quer passar por tudo o que você está passando, junto a você e não porque você o obrigou implicitamente, só porque você sabe que ele te ama.

E se ele se for, não o culpe. Ele também terá seus momentos difíceis para passar e quando chegar lá, talvez ele se lembre de você e talvez ele até te peça ajuda. E você será igualmente livre para decidir se assume os problemas do outro ou se apenas se afasta.

 

A vida tem me mostrado sua cara nos últimos tempos...

Eu que achei que teria tempo de viver plenamente minha vida, como se vê no comerciais de TV, estou tento que encarar que a vida sorteada para mim “é essa aí mesmo e conforme-se com isso porque não temos outra para você no momento.”

Também não me consola pensar em reencarnação. Tem sido frustrante pra caralho concluir que me restam algumas décadas pela frente, que minha juventude tem se esvaído, junto com a minha beleza e o corpão e que é assim que você vai acabar e pronto.

Não tive filhos e não sei se teria mais saco para tê-los a essa altura do campeonato e francamente, se eu quisesse ser mãe, não deveria ter deixado para ser avó dos meus filhos. Agora já era.

Às vezes parece que tudo é um grande pesadelo e que eu vou acordar ainda magra, com um pai saudável e uma vida cheia de possibilidades à minha disposição. Mas não. Eu acho que não, se isso tudo não for Matrix, eu devo estar na realidade correta.

Azar pra mim.

Minhas expectativas cessam por aqui.

E daqui pra frente, pra ser sincera, tanto faz.